Numa analogia, com certa liberdade de interpretação, as Marcas são como as crianças. Numa analogia mais crítica e com um pouco mais de teoria: as Marcas são como os bebês. Em suma, as Marcas precisam de cuidados. O cuidado que temos com as Marcas perpassa a sua criação, ideologia, personalidade e temperamento. A Marca precisa de ter também um cuidado na aparência e acessórios. Uma criança precisa de cuidado até o momento crítico da sua adolescência.
As Marcas precisam de cuidados, as crianças também.
O cuidado que é necessário vai muito além da sua vontade. As Marcas têm vontade própria, elas andam conforme a música que tocam, mas precisam de um maestro. Era bom que a personalidade das Marcas viesse numa caixa com manual de utilização e aplicações. Sim, algumas vêm com manual, mas as Marcas são como as crianças ou os bebês. Não vêm com manual para todas as variáveis, ou seja, nem tudo está escrito.
As crianças são sinceras, os bebês são totalmente instintivos e não há sinceridade, há apenas verdade sem interpretação, sem inflexão, sem reação, apenas ação, apenas reflexo e instinto. A sinceridade das Marcas promove uma reação, eventualmente, contrária à vontade do cliente. O consumidor expressa a sua ligação com a Marca a partir da sua satisfação e lealdade. Uma criança consegue cativar mas se faz asneiras, promove mau estar com o convidado e com o anfitrião. As Marcas reagem, dificilmente são desenhadas com intuito exclusivo para agradar a todos, elas agradam a um grupo. Apenas a ele. Esta é a ideia.
Com a sua sinceridade as crianças atraem admiradores, cativam uma boa parte da família.
O amor brota a partir da sinceridade da criança. Alguns bebês cativam por conta do seu instinto. O sorriso dos bebês não é voluntário. Não foi por causa da sua imagem que ele sorriu pra si. Talvez ele tenha gostado de si, e sorrir é algo instintivo pra eles. As Marcas reagem ao estímulo externo, elas precisam de interjeições e uma massa por trás da sua fala. Elas precisam expressar-se a partir de um sentimento coletivo.
Não existe uma reação tão forte numa massa que possa desintegrar uma Marca. Porque justamente a chamada “reação” vem da Marca, em reflexo direto ou indireto da massa – o grande grupo, ou o pequeno nicho – foi a partir deles que tudo começou. A partir dali vai prosseguir, eles compram, presenteiam, recompram, usam, aprovam e desaprovam. Assim são as Marcas, elas são feitas para serem odiadas ou amadas. Desenham-se a partir das histórias que os clientes entendem, e moram no inconsciente de cada consumidor.
Não vai ser a publicidade na televisão que vai influenciar a sua tara por comer chocolate (já nasceu com ela!). Vai ser a propaganda musical que vai fazê-lo ficar descontrolado por um cheeseburguer ? Não, talvez a sua gula! Não vai ser o anúncio de uma revista que vai fazê-lo ficar com vontade de usar um hidratante (talvez a sua idade!). Não vai ser um texto que vai fazê-lo mudar de ideias sobre a propaganda de um perfume (você sofreu influências sobre o assunto desde que era uma criança).
Agora, se alguém acha que vai ficar mais bonito ou mais atraente ao consumir este ou aquele produto, se por ventura alguém pensa que vai ficar mais viril usando aquele sapato, se vai ter menos ou mais seguidores ao comprar determinado desodorizante… Sentimos muito informar, o nosso inconsciente é capaz de fazer muitas coisas com o nosso corpo, porém, ainda não é possível ser influenciado ao ponto de trocar a sua vontade de sair com alguém, por conta do perfume que ela (ele) usa.
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